Considero este assunto de suma importância, pois as pessoas vão envelhecendo (eu, inclusive... só envelhecendo, mas ... sempre estou a me informar sobre o q posso) e vão se mantendo presas a mitos, crenças...ideias absurdas de impossibilidades de continuar tendo uma vida plena... o que acho lastimável, pois, assim, a morte chegará antes.
Este texto está em http://bit.ly/fc6S2d que é o blog do @semeando30
Reproduzo-o na íntegra, abaixo.Espero aproveitem e... passem adiante!
Sexualidade do Casal Idoso – Atitudes e comportamentos que precisam de educação sexual
Mitos sobre idade e sexualidade
O que mais se fala em nossa cultura sobre a sexualidade em idosos são circunstâncias mitificadas. Vejamos dois mitos contraditórios comuns de se ouvir:
Mito 1- Ao envelhecer, não há qualquer mudança no interesse sexual do homem, nem na resposta ou desempenho sexuais.
Mito 2- Envelhecendo você perde o interesse no sexo e não conseguirá mais fazer sexo.
Esta compreensão sem fundamentação cientifica precisa ser substituída, mas somente o será trazendo esta discussão com quem ainda não atingiu uma idade mais avançada.
O aumento da expectativa de vida no séc. XX mostrou que o número das pessoas com mais de 65 anos tem crescido muito. No ano 2000 tínhamos no Brasil 9.926.472 pessoas com mais de 65 anos. A tendência de aumentar a percentagem já é percebida, fazendo com que as próximas décadas produzam mais habitantes com vida mais prolongada sobrevivendo!
Mesmo com o crescimento da população, mais idosos, pouca atenção tem sido dedicada ao tratamento de disfunções sexuais em idosos, senão até a última década do séc. XX. [1] E mesmo assim esta discussão apenas começou e ainda precisa de muita atenção de profissionais de saúde. A Organização Mundial da Saúde, a partir de discussões e consultas a grupos de especialistas em sexualidade entre 1974 e 2003, definiu a Saúde Sexual:
“A integração dos aspectos afetivos, somáticos e intelectuais do ser sexuado, de modo tal que dela derive o enriquecimento e o desenvolvimento da pessoa humana, a comunicação e o amor”.
No transcorrer da senectude, a sexualidade segue desempenhando um papel importante, mesmo que pese a falta de oportunidades para exercê-la e a marginalização que socialmente sofre a população idosa.
Winn e Newton (1982)[2] usaram arquivos para comparar a sexualidade de idosos em 106 culturas. Concluíram que a continuidade da sexualidade em idosos em muitas sociedades significava que os fatores culturais devem ser a chave determinante para o comportamento sexual. A compreensão da sexualidade no idoso é o que permite que idosos aproveitem a vida sexual.
Sexo muda com a idade – homens[3] Idosos não conhecem as mudanças no funcionamento sexual relacionados ao envelhecimento, e adotam as atitudes sociais de sexo e atividades sexuais que aprenderam que eram de idosos. Este “conhecimento” aprendido desde infância sobre como deverá ser mais tarde na vida produz muita ansiedade relacionada a expressão da sexualidade. Buscar atividades sexuais sob ansiedade prejudica o desempenho sexual de homens e mulheres, produzindo disfunções sexuais.
A ansiedade e medo advinda da interpretação negativa das mudanças genitais e da função sexual associadas com a idade está na base de muitos problemas vividos pelos mais idosos.
Mudanças genitais e da resposta sexual precisam ser conhecidas por quem envelhece e pelos profissionais de saúde que deles cuidam.
Por exemplo, homens tendem a precisar de mais tempo para obter uma ereção, existe aumento do tempo de ereção pré-ejaculação, diminuição da força da ejaculação, e o aumento do tempo da fase refratária, dificultando a próxima ereção.
Embora a incidência de disfunções sexuais aumentem com a idade, associam-se a problemas de saúde que aumentam com a idade, e não com a idade por si.
Muitas doenças endócrinas, vasculares, e neurológicas podem interferir na função sexual, tanto quanto os medicamentos e cirurgias para os tratamentos. Estes fatores de saúde são mais prevalentes em idosos, o que não deveria surpreender termos mais causas orgânicas para as disfunções sexuais nos idosos.
Os fatores patológicos que afetam a função sexual: doenças cardiovasculares, demência, artrite e cirurgias.[4] Medicamentos que afetam o sistema nervoso autônomo podem interferir com a função sexual.
Muitas medicações que idosos usam também afetam a sexualidade: anti-hipertensivos, tranqüilizantes, antidepressivos.
Mudanças que ocorrem na fisiologia do homem idoso podem afetar a ereção e a ejaculação.
Estas mudanças não precisam ter um impactos na obtenção de prazer sexual, e não teriam se não fosse a interpretação errada que as pessoas fazem ao ficarem mais velhas.
Conhecer que estas mudanças não são disfuncionais e o auxílio para adaptações na prática sexual são cruciais para a prevenção de disfunções sexuais devido a ansiedade.
Sexo muda com a idade – mulheres
Na mulher idosa os efeitos fisiológicos do envelhecimento que afetam a função sexual devem-se ao decréscimo de circulação de estrogênio após a menopausa.
A velocidade e quantidade de lubrificação vaginal diminui e ocorre uma atrofia geral da vagina. Para muitas mulheres estas mudanças significam a liberdade para explorar a atividade sexual com prazer e sem preocupar-se com a gravidez.
Mudanças Genitais na mulher incluem redução do tamanho do clitóris, da vulva, do tecido labial, diminuição do tamanho do cérvix, útero e ovários, e perda de elasticidade e afinamento da parede vaginal.
Algumas mulheres podem experienciar lubrificação inadequada e coito pode ser doloroso com as paredes vaginais muito finas.
O declínio cognitivo que pode ocorrer em idosos pode influencias a atividade sexual.
A deterioração cognitiva relacionada a desordens de demência pode afetar o comportamento sexual, produzindo problemas no relacionamento do casal.
Sexualidade – comportamentos
Pesquisa com 800 idosos sobre o que sentiam sobre as atividades sexuais revelaram que os idosos definem e expressam a sexualidade de modo mais difuso e variado do que os grupos mais jovens sugerindo que as mudanças na expressão da atividade sexual pode ser mais comum com o avanço da idade.[5] Comportamento sexual e atitudes sobre sexo no idoso refletem a continuidade dos padrões adquiridos nas duas primeiras décadas de vida.
Aqueles mais ativos na juventude tendem a manter este padrão durante toda a vida.
Atitudes negativas sobre sexo aprendidas na juventude podem produzir interferir na habilidade de obter prazer sexual na terceira idade.
Atividade sexual relaciona-se com comportamento e atitudes sexuais, grau de interesse sexual, e freqüência de atividade sexual anterior.
Outros fatores psicossociais que afetam o funcionamento sexual de idosos: muitos casais com problemas de rotina e vida enfadonha com o relacionamento de longo prazo, relacionamento ou casamento sem amor nas décadas intermediarias minam a possibilidade de condições futuras.[6] Mudanças no estilo de vida relacionadas a aposentadoria, mudanças e problemas de adaptação, precisam ser considerados.
Com a aposentadoria o homem deixa as atividades percebidas como masculinas o que pode produzir diminuição da auto-estima e afetar o desempenho sexual.
Sanções religiosas que restringem o sexo à reprodução e ignoram a importância da intimidade, amor e prazer sexual na produção do bem estar, negam a importância destas necessidades humanas.
Educação sexual não é apenas para jovens
Conhecimento e atitudes sobre sexualidade influencia as percepções sobre as necessidades sexuais e sentimentos na terceira idade. [7] Associação entre conhecimento e atitudes sobre sexo na terceira idade.
Intervenções educacionais são necessárias para diminuir mitos, estereótipos e iniciar atitudes positivas a idosos para promover a percepção de que a expressão sexual faz parte da vida independente da idade.
É ampla a evidência que sugere que a educação sexual para idosos conduz a atitudes positivas sobre sexo.
Idosos tem poucas oportunidades de acesso a educação, menos ainda a educação sexual.
Idosos não tem acesso a informações sobre sexualidade e desconhecem o funcionamento sexual.
Nas casas de repouso e serviços geriátricos em que pessoal de saúde tem mais informações sobre sexualidade, os idosos tem atitudes de maior aceitacao sobre sexualidade.
Através do “Aged Sexuality Knowledge and Attitudes Scale (ASKAS)”, um estudo do efeito da intervenção educacional sobre sexualidade em idosos, familiares e profissionais de saúde apontou:[8] Existe um aumento significativo do conhecimento, das atividades sexuais e satisfação com o sexo, e o desenvolvimento de atitudes mais permissivas após a intervenção educacional de um processo de Educação Sexual aplicado a idosos.
Antes de 1980, a maioria dos sujeitos de pesquisas em sexualidade eram idosos de casas de repouso, produzindo apenas conhecimento limitado a atitudes negativas sobre sexualidade[9]. Estudos sobre profissionais de saúde com idosos mostram que com o aumento de conhecimento deles sobre sexualidade em idosos produzem maior aceitação das atitudes sexuais em idosos.
Assim os psicólogos que se dedicam a atender queixas sexuais podem auxiliar casais mais idosos a compreenderem suas mudanças e poderem mudar idéias errôneas e mudar processos mentais que os conduzem a erros. Assim virá uma felicidade sexual possível e real.
Postado por Raphael on February 18th, 2011
[1]Starr, B.D. (1985). Sexuality and the Aging.American Review of Gerontology and Geriatrics, 5, 97-126.
White, C.B., & Catania, J.A. (1982).Psychoeducational Intervention for Sexuality with the Aged, Family Members of the Aged and People Who Work with the Aged.International Journal of Aging and Human Development, 15, 121-138.
[1]Story, M.D. (1989). Knowledge and Attitudes About the Sexuality of Older Adults Among Retirement Home Residents. Educational Gerontology, 15, 515-526.
[1]Spence, S.H. (1992). Psychosexual Dysfunction in the Elderly.Behaviour Change, 9, 55-64. IBGE- http://www.ibge.gov.br/seculoxx/estatisticas_populacionais.shtm
[2]Winn, R.L., & Newton, N. (1982). Sexuality and Aging: A Study of 106 Cultures. Archives of Sexual Behavior, 11, 283-298. [3]Spence, S.H. (1992). Psychosexual Dysfunction in the Elderly.Behaviour Change, 9, 55-64. Deacon, S., Minichiello, V., & Plummer, D. (1995). Sexuality and Older People: Revisiting the Assumptions. Educational Gerontology, 21, 497-513.
[4]Deacon, S., Minichiello, V., & Plummer, D. (1995). Sexuality and Older People: Revisiting the Assumptions. Educational Gerontology, 21, 497-513. [5]Starr, B., & Weiner, M.B. (1981).Sex and Sexuality in the Mature Years. New York: Stein & Day. [6]Garrison, J.E. (1989). Sexual Dysfunction in the Elderly: Causes and Effects. Journal of Psychotherapy and the Family, 5, 149-163. [7]Hillman, J.L. &Stricker, G. (1994). A Linkage of Knowledge and Attitudes Toward Elderly Sexuality: Not Necessarily a Uniform Relationship. The Gerontologist, 34, 256-260. Deacon, S., Minichiello, V., & Plummer, D. (1995). Sexuality and Older People: Revisiting the Assumptions. Educational Gerontology, 21, 497-513.
Fonte: Psic. Oswaldo Martins Rodrigues Junior CRP 06/20610 – GEPIPS – Grupo de Estudos e Pesquisas do Instituto Paulista de Sexualidade - Coordenador de Pesquisas – rua Atalaia, 195 – Perdizes Cep: 01251-060 – São Paulo – SP Brasil www.inpasex.com.br www.oswrod.psc.br – e-mail oswrod@uol.com.br