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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um golpe de novo tipo contra Lugo

 
Tarso Genro (*)

O que foi tentado contra Lula, na época do chamado mensalão –que por escassa margem de votos não teve o apoio da OAB Federal numa histórica decisão do seu Conselho ainda não revelada em todas as suas implicações políticas – foi conseguido plenamente contra o Presidente Lugo. E o foi num fulminante e sumário ritual, que não durou dois dias. Não se alegue, como justificativa para apoiar o golpe, que a destituição do Presidente Lugo foi feita “por maioria” democrática, pois a maioria exercida de forma ilegal também pode ser um atentado à democracia. É fácil dar um exemplo: “por maioria”, o Poder Legislativo paraguaio poderia legislar adotando a escravidão dos seus indígenas?
No Paraguai o Poder Legislativo na condição de Tribunal político atentou contra dois princípios básicos de qualquer democracia minimamente séria: o princípio da “ampla defesa” e o princípio do “devido processo legal”. É impossível um processo justo – mesmo de natureza política – que dispense um mínimo de provas. É impossível garantir o direito de defesa – mesmo num juízo político – sem que o réu tenha conhecimento pleno do crime ou da responsabilidade a partir da qual esteja sendo julgado. Tudo isso foi negado ao Presidente Lugo.
O que ocorreu no Paraguai foi um golpe de estado “novo tipo”, que apeou um governo legitimamente eleito através de uma conspiração de direita, dominante nas duas casas parlamentares. Estas jamais engoliram Lugo, assim como a elite privilegiada do nosso país jamais engoliu o Presidente Lula. Lá, eles tiveram sucesso porque o Presidente Lugo não tinha uma agremiação partidária sólida e estava isolado do sistema tradicional de poder, composto por partidos tradicionais que jamais se conformaram com a chegada à presidência de um bispo ligado aos movimentos sociais. A conspiração contra Lugo estava no Palácio, através do Vice-Presidente que agora “supreso” assume o governo, amparado nas lideranças parlamentares que certamente o “ajudarão” a governar dentro da democracia.
Aqui, eles não tiveram sucesso porque – a despeito das recomendações dos que sempre quiseram ver Lula isolado, para derrubá-lo ou destruí-lo politicamente – o nosso ex-Presidente soube fazer acordos com lideranças dos partidos fora do eixo da esquerda, para não ser colocado nas cordas. Seu isolamento, combinado com o uso político do”mensalão”, certamente terminaria em seu impedimento. Acresce-se que aqui no Brasil – sei isso por ciência própria pois me foi contado pelo próprio José Alencar- o nosso Vice presidente falecido foi procurado pelos golpistas “por dentro da lei” e lhes rejeitou duramente.
A tentativa de golpe contra o Presidente Chavez, a deposição de Lugo pelas “vias legais”, a rápida absorção do golpe “branco” em Honduras, a utilização do território colombiano para a instalação de bases militares estrangeiras, tem algum nexo de causalidade? Sem dúvida tem, pois esgotado o ciclo das ditaduras militares na América Latina, há uma mudança na hegemonia política do continente, inclusive com o surgimento de novos setores de classes, tanto no mundo do trabalho como no mundo empresarial. É o ciclo, portanto, da revolução democrática que, ou se aprofunda, ou se esgota. Este novos setores não mais se alinham, mecanicamente, às posições políticas tradicionais e não se submetem aos velhos padrões autoritários de dominação política.
Os antigos setores da direita autoritária, porém, incrustados nos partidos tradicionais da América latina e apoiados por parte da grande imprensa (que apoiaram as ditaduras militares e agora reduzem sua influência nos negócios do Estado) tentam recuperar sua antiga força, a qualquer custo. São estes setores políticos – amantes dos regimes autoritários – que estão embarcando neste golpismo “novo tipo”, saudosos da época em que os cidadãos comuns não tinham como fazer valer sua influência sobre as grandes decisões públicas.
É a revolução democrática se esgotando na América Latina? Ou é o início de um novo ciclo? A queda de Lugo, se consolidada, é um brutal alerta para todos os democratas do continente, seja qual for o seu matiz ideológico. Os vícios da república e da democracia são infinitamente menores dos que os vícios e as violências ocultas de qualquer ditadura.
Pela queda de Lugo, agradecem os que apostam num autoritarismo “constitucionalizado” na A.L., de caráter antipopular e pró-ALCA. Agradecem os torturadores que não terão seus crimes revelados, agradecem os que querem resolver as questões dos movimentos sociais pela repressão. Agradece, também, a guerrilha paraguaia, que agora terá chance de sair do isolamento a que tinha se submetido, ao desenvolver a luta armada contra um governo legítimo, consagrado pelas urnas.
(*) Governador do Rio Grande do Sul

Fonte: http://bit.ly/Kx1urk

sexta-feira, 22 de junho de 2012

A gente se acostuma... Em tempos de #ArenaRio20 #Rio20


"A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma..."





                                                                                                Marina Colasanti

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Debates levam pauta social à Rio+20 - Conheça a ArenaRio20


País apresenta desenvolvimento sustentável com inclusão social


A Arena Socioambiental foi montada para apresentar as estratégias brasileiras bem sucedidas de combate à pobreza e às desigualdades sociais no contexto do desenvolvimento sustentável. O espaço de diálogo do governo brasileiro com a sociedade civil na Rio+20 está montada nos pilotis e jardins do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. A Arena será palco de exposições, atividades culturais e feira de produtos da sociobiodiversidade brasileira entre 16 e 22 de junho. Também abrigará dois grandes debates por dia, com transmissão ao vivo e interativa pela internet. O acesso é livre.
Durante o evento, o governo brasileiro vai reforçar a sua posição de que o desenvolvimento sustentável só é possível com inclusão social e combate à pobreza, articulando o tema aos debates sobre desenvolvimento econômico e conservação ambiental.
Vídeo - Pelo Youtube, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, convida todas as pessoas a participarem da Arena Socioambiental, pessoalmente ou pela internet. Um dos locais mais movimentados da Arena será o Espaço Encontros Globais, que terá dois debates diários, com transmissão ao vivo e interativa pela internet, sobre os desafios do desenvolvimento sustentável.
Entre os debates, o público poderá assistir a apresentações musicais representativas da nossa diversidade cultural e experimentar produtos baseados no uso sustentável dos recursos da biodiversidade brasileira, na Praça da Sociobiodiversidade e no Café+20.
A Arena é coordenada pelo MDS, com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Nela, participarão mais dez ministérios: Meio Ambiente; Desenvolvimento Agrário; Saúde; Educação; Justiça; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Comunicações; Previdência Social; Aquicultura e Pesca; e Integração Nacional. Também estarão presentes a Secretaria-Geral da Presidência da República e as secretarias de Direitos Humanos, Políticas para as Mulheres e Políticas para a Promoção da Igualdade Racial.
Produtos da sociobiodiversidade em destaque
Povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares terão seus produtos comercializados na Praça da Sociobiodiversidade. A expectativa é que 5 mil pessoas visitem a praça por dia para conhecer e comprar alimentos, artesanatos e cosméticos produzidos de forma sustentável por essas populações. Os empreendimentos que participarão da praça envolvem quase 14 mil famílias que trabalham com produção sustentável. “É um espaço para demonstrar a riqueza dos nossos biomas e a importância da sua conservação ambiental”, diz a assessora técnica da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sesan) do MDS, Hétel Santos.
Talentos do Brasil - Geléia de umbu e licuri da Caatinga, pequi, baru e fitocosméticos naturais do Cerrado, erva-mate, pinhão e artesanatos de ouricuri da Mata Atlântica, castanha-do-pará (chamada de castanha-do-brasil para exportação), cosméticos de murumuru e artesanato indígena da Amazônia são alguns dos produtos que poderão ser encontrados na praça. No local também serão comercializadas roupas e bolsas de taboa, além de brincos e pulseiras de tururi do programa Talentos do Brasil.
O Brasil tem aproximadamente 144 milhões de hectares de florestas de uso comunitário, onde vive uma população de cerca de 1,5 milhão de pessoas. “Apesar desses grupos já terem seus produtos no mercado, ainda temos pessoas das comunidades em situação de vulnerabilidade e extrema pobreza”, diz a diretora do Departamento de Extrativismo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudia Calorio.
Participe
Facebook: Arena Socioambiental
Twitter: @ArenaRio20
Instagram: arenasocioambiental
Flickr: Arena Socioambiental 
Blog: www.arenasocioambiental.org
Email: arenasocioambiental@gmail.com 

Veja o vídeo da ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, clicando aqui

Fonte: http://bit.ly/LL4o0E


sábado, 9 de junho de 2012

Matsuri – Kitaro (Música) + Filmagens impressionantes: Disso, fez-se a perfeição



Vejam que extraordinário trabalho dos fotógrafos da BBC da National Geographic;  seus equipamentos e técnicas permitem essas filmagens impressionantes. A cena final, na qual a ursa caminha com seus filhotes  foi realizada a 2 km de distância.
Matsuri – que significa Festival, do álbum Kojiki composta pelo musico multi-instrumentista Kitaro (Masanori Takashi) que já levou para casa um Grammy na categoria New Age.


"Belíssimas paisagens em diferentes lugares do mundo com requintes de detalhes que parecem nos levar numa viagem, acompanhado de uma música japonesa que transmite força e relaxamento, ao mesmo tempo."

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Projeto Reca estará na @ArenaRIO20 - #Riomais20

Projeto Reca levará doces e licores feitos de frutos da floresta
Para o presidente da associação e coordenador do projeto Reca, Hamilton Condack, a Rio+20 é a vitrine ideal para mostrar o trabalho já reconhecido pelo compromisso com a preservação ambiental e organização social. O Reca levará à Rio+20 doces, licores e geleias produzidos a partir de frutos típicos da floresta, como o açaí e a castanha.

A participação do Reca no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) –e no PAA permite a consolidação do projeto e assegura o ganho para cerca de 200 famílias de forma direta, e para mais de 2 mil pessoas de forma indireta.

O projeto Reca nasceu em 1989, com um grupo de agricultores de várias partes do Brasil que foram assentados em uma demarcação do Incra, no antigo seringal Santa Clara. Na época, as terras eram demarcadas e entregues às famílias sem nenhum tipo de apoio. Os agricultores eram induzidos a derrubar a floresta para dar lugar às plantações.

Dada a necessidade, os agricultores se reuniram e começaram a discutir como fazer para sobreviver às dificuldades. Unindo os conhecimentos de organização e cooperação dos povos oriundos de outras áreas com os da região, começaram a elaborar um projeto para a implantação de sistemas agroflorestais (Saf's).

O Reca chega a Rio+20 como referência de projeto voltado ao desenvolvimento das comunidades locais, unindo preservação da floresta e comprometimento social. O projeto ganhou o prêmio Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) “Amazônia Viva: plantando e colhendo frutos para um mundo melhor”, em 2007.

Com 1.500 hectares de sistemas agroflorestais manejados por mais de 350 famílias de agricultores e seringueiros, o projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca) é uma das mais bem-sucedidas experiências de produção sustentável de base familiar da Amazônia. O grupo participará da Praça da Sociobioviersidade, espaço da Arena Socioambiental dedicado à comercialização de produtos sustentáveis da biodiversidade brasileira. Acesse: www.projetoreca.com.br .

Fontes: http://on.fb.me/NPNOe2
e
http://bit.ly/MNuRfq

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Eterno Retorno (Nietzsche)


"Os homens não têm de fugir à vida como os pessimistas, mas como alegres convivas de um banquete que desejam suas taças novamente cheias, dirão à vida: uma vez mais”. 

  Nietzsche e seu Eterno Retorno

 (Copiei do mural da Karenina, minha filha)