Uma boa leitura!
Momento de entrega do Diploma de Honra ao Mérito, concedido pela Câmara por unanimidade, para André Machado
Foto de Leonardo Oliveira Contursi
"Uma das premissas para se trabalhar com o jornalismo é
ter compromisso com a verdade.
Preciso dizer que desejei muito estar nesta tribuna.
Muitos dos senhores precisaram fazer cinco, seis, dez mil votos para aqui estarem.
Sou um afortunado por garantir este direito com apenas 36, o de cada um dos
representantes dos cidadãos desta cidade a partir de uma proposição do vereador
João Bosco Vaz. Muito obrigado vereador, muito obrigado vereadores.
Fico feliz que esta proposição tenha partido do Bosco e
que ela tenha a sua votação em plenário solicitada pela vereadora Sofia
Cavedon. Hoje é um dia especial para nós que somos funcionários da RBS pela
bandeira que levantamos em defesa da educação. A Educação precisa de respostas.
Nossos veículos vão fazer as perguntas para que a sociedade responda. E a minha
alegria é justamente pelo trabalho que o Bosco e a Sofia fazem pelo esporte e
pela educação.
Não há tema que tenha pautado mais o meu voto como
cidadão, desde 1985, quando votei pela primeira vez, do que a educação. Cheguei
a sonhar com um país tomado de CIEPs exatamente da maneira que sonharam Leonel
Brizola e Darcy Ribeiro, mas o caminho escolhido pelos brasileiros foi outro.
As urnas, num momento, preferiram o Enéas ao Brizola. O resultado é que ainda
hoje, quase 30 anos depois de Brizola ter sido eleito governador do Rio e
implantado o primeiro CIEP, a luta pela educação integral, pela vaga em creche,
pela educação infantil ainda é a pauta de todas as campanhas políticas.
Este compromisso e esta luta pela educação é porque foi
ela única e exclusivamente que me permitiu ser quem eu sou. Como profissional e
como pessoa.
Falar em educação, me remete ao tempo em que eu sentia
orgulho de ir com meus pais até a loja Cinelândia, na Cristóvão Colombo, para
comprar meu uniforme para o Grupo Escolar Luciana de Abreu. Uma escola pública.
Onde aprendi história e português. Mas mais do que isso. Aprendi cidadania, mas
não pelas aulas de OSPB ou de Moral e Cívica.
Eu estava na sétima série, em 1979, quando a minha bem
comportada turma foi convocada para representar a escola nas comemorações do
dia 31 de março. Como em todo bom feriadão, compareceu, no Monumento do
Expedicionário, uma meia dúzia de gatos pingados e a escola levou uma bronca da
Secretaria da Educação. A temida coordenadora da disciplina, Dona Neide, chegou
à sala de aula e passou a cobrar de um por um o motivo da ausência. Enquanto
todos alegavam que tinham ido visitar avós, viajado com os pais eu fui um pouco
mais enfático. NÃO VOU BATER PALMAS PARA UMA DITADURA QUE CASSOU O MEU PAI. Eu
tinha 12 anos.
Mantive a espinha ereta e, claro, fui parar na
coordenação. Mas tive neste dia uma demonstração de luta. Fui defendido por uma
professora de SOE que estava na sala de aula. A professora Vera Diehl me
ensinou que, melhor do que ficar de bem com quem manda, é ficar de bem com a sua
consciência. Ela sabia que eu tinha razão.
E é assim que busco agir até hoje. E às vezes compro
algumas paradas impopulares. Como defender que o salário dos vereadores de
Porto Alegre e dos secretários municipais é baixo.
Ter sido criança durante o regime militar despertou em
mim um desejo muito grande de democracia e creio que, 30 anos depois, ainda
estejamos aprendendo a viver com ela.
Se tenho um papel como comunicador é o de justamente
lembrar às pessoas a cada dia o valor que tem a nossa autonomia de escolha. O
quanto é importante preservar o que foi conquistado. E como é importante
valorizar os integrantes das casas políticas. Os senhores e as senhoras.
Reconhecer a importância do papel que exerce um homem ou
uma mulher que se dispõem sacrificar a sua vida para ingressar na carreira
publica não é isentá-los de cobrança, mas dignificar uma trajetória que, ao
contrario do que muitos pensam, é muito mais de doação do que ganhos. Tive a
oportunidade de sentir isso dentro da minha casa. E meu irmão mais novo, o que
mais sentiu a perda do meu pai para a política.
Um dos grandes males da política do nosso país é que o
desmonte que a educação teve ao longo de décadas rompeu com qualquer
possibilidade de análise crítica acerca do trabalho dos parlamentares. E assim,
muito espaço na política foi ocupado por pessoas que nela ingressam não para
defender o interesse coletivo, mas para colher frutos para si. E fizeram a fama
de todos.
Romper com este processo, denunciar quem não dignifica
sua atividade como político é também um papel da imprensa. Mas não só dela. É
de cada cidadão. As representações políticas e os meios de comunicação possuem
a cara que a população os permite.
Fico feliz por estar na Câmara Municipal de Porto Alegre
por ter sido essa casa pioneira em muitos passos que caminham no sentido da
moralização da política. Fim dos jetons, dos ganhos por convocações
extraordinárias e o fim do 14º salário, decisão tomada nesta legislatura.
Sou fã da tribuna popular.
Quando comecei a trabalhar na reportagem da Radio Gaúcha
– e o fiz pelo breve tempo de um ano – passei a incluir na minha pauta visitas
à Câmara Municipal. Vereador Isaac Ainhorn, Maria do Rosário, João Dib. Uma
casa que me orgulhava ver trabalhar. E divulgar. Quando passei a apresentar um
programa na Rádio CBN ouvi todos os vereadores de Porto Alegre. E em uma
entrevista aberta para que cada um falasse sobre o foco do seu trabalho.
Na atual legislatura tive a oportunidade de acompanhar
aqui neste plenário, votações importantes como a do Pontal do Estaleiro e do
IMESF, trazendo meus programas para cá. São momentos assim que fazem a história
do parlamento.
Por duas vezes participei de missões internacionais onde
estavam também presidentes desta casa. Na China, com o vereador Nelcir Tessaro
acompanhando o prefeito José Fortunati na Expo 2010. E em Portugal, com a
vereadora Sofia Cavedon no voo inaugural Porto Alegre-Lisboa. São dois
episódios que, para sempre, marcarão a história de Porto Alegre. Eu estava lá.
E a Câmara Municipal também.
Tenho certeza que nós jornalistas e os políticos
compartilhamos muitas coisas na vida. Nós podemos fazer a diferença no
cotidiano das pessoas. Nós podemos mudar o destino de uma cidade. Nós podemos
contribuir por uma sociedade mais feliz, mais fraterna, menos desigual.
E não pensem os senhores que apenas vocês possuem
mandatos. Nós também os temos. Agir com irresponsabilidade em um microfone de rádio
significa cassação sumária da nossa voz. O equilíbrio na hora da crítica é
fundamental.
NÃO ENTENDAM MAL O QUE VOU DIZER AGORA. MAL EDITADO PODE
SER UM PERIGO!
Uma vez disse no ar que eu era Lula, era Yeda e era
Fogaça. Depois passei a ser Dilma, Tarso e Fortunati. E onde eu estiver, vou
estar sempre torcendo para o sucesso de quem está no poder. Isto não significa,
no entanto, fechar os olhos para os problemas que nos rodeiam.
Agora é o momento de debater Porto Alegre. De dizer se a
forma como a cidade vem trilhando o seu caminho é a melhor ou se o rumo precisa
ser alterado. Na política, que acredito, não se critica por criticar. Não se
torce contra. Na política, que acredito, os sete pretendentes à Prefeitura de
Porto Alegre estarão trabalhando para o sucesso da próxima gestão a partir de janeiro.
E aqueles dos senhores que retornarem a esta casa estarão imbuídos do desejo de
que o eleito acerte e facilitando, ao menos, suas primeiras ações.
Concordo que jornalista deva ser de oposição. Mas para
apontar as falhas. E nunca esconder também os acertos. E não esconder o acerto
de políticos é difícil. Basta colocar um elogio para que queiram rapidamente
pregar-lhe um rótulo.
Quero, mais uma vez, reafirmar a minha alegria em receber
esta distinção nesta casa, neste ambiente democrático que espero ver cada vez
mais como palco dos grandes debates desta cidade. Não foi por outro motivo que
não a valorização deste parlamento, que a Rádio Gaúcha e a TVCom escolheram o
Palácio Aloísio Filho para a realização do primeiro debate eleitoral da atual
campanha, com grande êxito.
Minha história passa nesta casa.
Meu primeiro chefe está aqui neste plenário. Meu primeiro
emprego foi no gabinete do vereador Pedro Ruas como seu auxiliar. Não era nem
ainda um jornalista. Foram poucos meses antes de ingressar na Caixa Federal,
mas suficientes para que nascesse uma amizade e um respeito que permanecessem
ate hoje.
Vereador João Bosco Vaz. Obrigado por esta homenagem.
Repito a importância que tem para mim que esta iniciativa tenha partido do
senhor. Não só pela amizade que sempre teve com minha família, mas
especialmente por compartilharmos o mesmo gosto pelo jornalismo e pela
política.
Entrar nesta casa é lembrar do meu pai. Meu exemplo de
caráter, de dignidade, de retidão. Não há dia em que venha à Câmara e que algum
funcionário da casa não me pergunta pelo seu Dilamar ou pela dona Lea.
Aqui vi meu pai discursar, aqui o vi receber homenagens,
aqui me despedi dele. Sempre que entro nesta casa é como se recebesse um
abraço. Um forte abraço, um abraço de pai."
André Machado em frente a foto do pai Dilamar Machado, grande radialista e político.
Foto de Felipe Vieira
Foto de Felipe Vieira
3 comentários:
Rute...permita-me chama-la desta forma...Andre é um dos JORNALISTAS MAIS ILUSTRES Q TEMOS NO JORNALISMO GAUCHO, DIGNO,BOM CARATER,INTELIGENTE,FAMILIAR...sabes aquela familia q cria seus filhos com amor, carinho, atenção...isto deve ter ocorrido com o Andre, ele foi criado por uma FAMILIA, 1 Pai tambem super inteligente e uma mae q nao lhe deve ter negado nunca seu amor de mae...o mais importante p/criação d 1 filho...a FAMILIA E Q FAZ O HOMEM. Cumprimentos Andre, pela COMENDA E A VOCE POR PUBLICAR AQUI O COMENTARIO DELE.- jader martins.-
Jader, muito obrigada pelo teu comentário!
Bem... conheço o André há bem menos tem po q tu, certamente, mas o suficiente por admirá-lo pelo seu profissionalismo e ética em tudo q faz. Diria q "um rapaz deveras comedido", até...mas gosto muito do jeito dele e, apesar do pouco tempo que eu o conheço, admito-o tb como pessoa.
A prova do q percebi nele está aqui neste discurso... e nesse teu comentário.
Qdo o ouvi, pensei... tem de mostrar essas ideias para mais pessoas... por isso publiquei.
Mais uma vez, obrigada!
Um abraço
Rute eu te sigo no Twitter, pois gosto de tuas colocações...realmente Andre é um Jornalista de mao cheia (como se dizia antigamente) ou filho de peixe peixinho é...mas com 1 detalhe DIGNIDADE...isto é fundamental nas pessoas, e neste ramo(Imprensa) ñ e facil eu sei d se TRABALHAR...principalmente aqui no RS onde o mercado é restrito...e muitos se sujeitam...ao q lhes é oferecido...Mas neste EU CONFIO...ANDRE É UM CIDADÃO ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA...Gostaria de ve-lo na TRIBUNA FALANDO COMO PARLAMENTAR E Ñ COMO JORNALISTA...Mas acho q ñ verei esta REALIDADE Q 1 DIA IRA ACONTECER...- 1 abraço Rute.- jader martins.-
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