Tem gente que gosta mesmo é de ouvir a própria voz. Você nem começou a
contar uma história e a criatura já sabe tudo que aconteceu, já viveu
aquele episódio e, vacilou, conhece o final. Mesmo que a história seja
sua e, pela primeira vez, naquele momento, você esteja tendo coragem de
falar sobre o assunto. Tem gente que não esconde que não tem o menor
interesse em ouvir o outro. Sobre qualquer assunto tem opinião formada,
sabe mais que todo mundo e arranja um jeito de discorrer sobre seu
conhecimento profundo sobre o caso. Sobre qualquer caso. Se você
experimentar mudar de assunto também não escapa dos “conhecimentos”
dela.
E qualquer detalhe é motivo para ter que ouvir uma ladainha sem fim sobre alguém que ela conhece. E se você tentar falar sobre alguém que só você conhece também não adianta. Porque a pessoa vai conhecer um sócio, alguém da família, da cidade da pessoa, da profissão e vai explicar tudo para você. Porque só ela detém o conhecimento e a verdade. E, claro, tem sempre razão. Sobre a discussão com o síndico, sobre o remédio que seu médico receitou, sobre sua maneira de conduzir sua vida, sobre a educação dos seus filhos. Ela sabe mais, tem mais experiência, mesmo que nunca tenho morado em prédios, mesmo que não tenha filhos. É simplesmente insuportável. E, o pior é que, de repente, estou achando que a quantidade deste tipo de gente aumentou, mas aumentou num grau, que conversar, trocar ideias, coisas que eram deliciosas até outro dia mesmo, está a ponto de virar uma raridade. Eu não sei vocês, mas no meu dia a dia da vida real e no meu email a situação é assustadora. No Facebook, no Twitter, na carta dos leitores dos mais variados jornais, nos sites de notícias da Internet, todo mundo tem opinião formada sobre tudo.
E quase sempre é uma opinião avassaladora, definitiva, sem pudor algum de mostrar seu “conhecimento”. Chega a ser constrangedor. E quem escreve tem certeza absoluta sobre o caráter do outro, a verdade do outro, a história do outro. Não há tréguas. E este tipo de pessoa costuma achar que não tem defeitos, nem comete erros. Sim, porque este tipo de gente é só virtude. Defende os animais, trata de igual para igual os empregados da casa e os prestadores de serviço, paga os impostos em dia, só consome o necessário, nunca usa o cheque especial, respeita o patrimônio e o dinheiro públicos, descarta lixo da maneira correta, não usa sacolas de plástico no supermercado, sempre escova os dentes com a torneira fechada, jamais se esquece de um compromisso, sempre é pontual e também defende as únicas boas causas passíveis de defesa da sociedade contemporânea. Nunca, mas nunca mesmo, comete um deslize por menor que seja. No mundo virtual é mole! Quero encontrar estas criaturas na vida real!
E qualquer detalhe é motivo para ter que ouvir uma ladainha sem fim sobre alguém que ela conhece. E se você tentar falar sobre alguém que só você conhece também não adianta. Porque a pessoa vai conhecer um sócio, alguém da família, da cidade da pessoa, da profissão e vai explicar tudo para você. Porque só ela detém o conhecimento e a verdade. E, claro, tem sempre razão. Sobre a discussão com o síndico, sobre o remédio que seu médico receitou, sobre sua maneira de conduzir sua vida, sobre a educação dos seus filhos. Ela sabe mais, tem mais experiência, mesmo que nunca tenho morado em prédios, mesmo que não tenha filhos. É simplesmente insuportável. E, o pior é que, de repente, estou achando que a quantidade deste tipo de gente aumentou, mas aumentou num grau, que conversar, trocar ideias, coisas que eram deliciosas até outro dia mesmo, está a ponto de virar uma raridade. Eu não sei vocês, mas no meu dia a dia da vida real e no meu email a situação é assustadora. No Facebook, no Twitter, na carta dos leitores dos mais variados jornais, nos sites de notícias da Internet, todo mundo tem opinião formada sobre tudo.
E quase sempre é uma opinião avassaladora, definitiva, sem pudor algum de mostrar seu “conhecimento”. Chega a ser constrangedor. E quem escreve tem certeza absoluta sobre o caráter do outro, a verdade do outro, a história do outro. Não há tréguas. E este tipo de pessoa costuma achar que não tem defeitos, nem comete erros. Sim, porque este tipo de gente é só virtude. Defende os animais, trata de igual para igual os empregados da casa e os prestadores de serviço, paga os impostos em dia, só consome o necessário, nunca usa o cheque especial, respeita o patrimônio e o dinheiro públicos, descarta lixo da maneira correta, não usa sacolas de plástico no supermercado, sempre escova os dentes com a torneira fechada, jamais se esquece de um compromisso, sempre é pontual e também defende as únicas boas causas passíveis de defesa da sociedade contemporânea. Nunca, mas nunca mesmo, comete um deslize por menor que seja. No mundo virtual é mole! Quero encontrar estas criaturas na vida real!
Por Leda Nagle, em http://bit.ly/JwfDWu