Enviei uma pergunta ao Fronteiras Do Pensamento, para que fosse respondida pelo sociólogo espanhol, Manuel Castells.
Eis a pergunta e a resposta!
Pergunta: É possível mudar o ensino como um todo e as instituições se tornarem "redes sociais de ensino e aprendizagem"? Afinal, todos esses jovens estão presentes nas redes sociais. Que estratégias acontecem nessas redes, que poderiam ser adotadas pelas instituições de ensino? Autora: Rute Vera Maria Favero
Manuel Castells: As redes sociais não são algo à parte na vida dos jovens. Os jovens vivem nas redes sociais, nas redes familiares, nas redes pessoais. Quando minha geração desaparecer, todo mundo viverá nas redes sociais. Ou seja, no fundo, as novas formas de existência, que incluem... Eu sempre comparo a internet com a eletricidade. Na história, houve momentos em que apenas algumas pessoas tinham eletricidade. Mas, a eletricidade é fundamental para a sociedade industrial. Na nossa sociedade, a internet é a forma de comunicar, de
existir, de fazer qualquer coisa.
Portanto, a questão é: os jovens, nas redes sociais, qual é a característica especial das redes sociais que favorece ou dificulta a expressão dos jovens? Eu diria que há uma conexão entre a cultura da autonomia, que é a cultura fundamental da sociedade atual e, principalmente, dos jovens, em relação às instituições e aos poderes da sociedade. A prática das redes sociais na internet que materializam essa cultura da autonomia. É o próprio meio dos jovens e, portanto, é também o meio de aprendizagem.
Um dos grandes problemas da educação é que há uma contradição entre a pedagogia e a organização do ensino – estabelecido historicamente através das formas verticais e burocráticas –, entre a cultura da autonomia, a capacidade de cultura digital do jovens... É totalmente contraditório. Mostraram os estudos feitos em diversos países: a razão do abandono escolar, da evasão escolar na escola secundária é porque os jovens se aborrecem na sala de aula. A sala de aula continua sendo feita em formas de comunicação que não são as dos jovens, que não são as desta sociedade. E isso não é um problema dos professores, é um problema do tipo de organização – vertical, tradicional.
Diria que o desenvolvimento da prática social dos jovens nas redes está reforçando sua autonomia e sua capacidade de redefinição cultural. No fundo, está levando ao empoderamento dos jovens. Me parece irônico que, no país de Paulo Freire, se tenha esquecido a pedagogia da liberdade, a pedagogia do oprimido, que é a pedagogia básica.
Meu último comentário, aproveitando para passar uma informação para vocês... Vocês sabem que há estudos sérios do British Computer Society, que mostra uma correlação entre a internet e a felicidade. Arrá! Surpresa! Todos os meios de comunicação dizem que a internet é péssima, que é a fonte de todos os males... Não, há uma correlação entre o uso da internet e índices psicológicos de felicidade. Por quê? A correlação não quer dizer nada, mas o porquê é importante: a internet aumenta duas áreas fundamentais, a sociabilidade e o empoderamento. E quais são as duas variáveis mais importantes na determinação da felicidade das pessoas? A sociabilidade e o empoderamento.
Eis a pergunta e a resposta!
Pergunta: É possível mudar o ensino como um todo e as instituições se tornarem "redes sociais de ensino e aprendizagem"? Afinal, todos esses jovens estão presentes nas redes sociais. Que estratégias acontecem nessas redes, que poderiam ser adotadas pelas instituições de ensino? Autora: Rute Vera Maria Favero
Manuel Castells (foto: Greg Salibian/Fronteiras do Pensamento) |
Portanto, a questão é: os jovens, nas redes sociais, qual é a característica especial das redes sociais que favorece ou dificulta a expressão dos jovens? Eu diria que há uma conexão entre a cultura da autonomia, que é a cultura fundamental da sociedade atual e, principalmente, dos jovens, em relação às instituições e aos poderes da sociedade. A prática das redes sociais na internet que materializam essa cultura da autonomia. É o próprio meio dos jovens e, portanto, é também o meio de aprendizagem.
Um dos grandes problemas da educação é que há uma contradição entre a pedagogia e a organização do ensino – estabelecido historicamente através das formas verticais e burocráticas –, entre a cultura da autonomia, a capacidade de cultura digital do jovens... É totalmente contraditório. Mostraram os estudos feitos em diversos países: a razão do abandono escolar, da evasão escolar na escola secundária é porque os jovens se aborrecem na sala de aula. A sala de aula continua sendo feita em formas de comunicação que não são as dos jovens, que não são as desta sociedade. E isso não é um problema dos professores, é um problema do tipo de organização – vertical, tradicional.
Diria que o desenvolvimento da prática social dos jovens nas redes está reforçando sua autonomia e sua capacidade de redefinição cultural. No fundo, está levando ao empoderamento dos jovens. Me parece irônico que, no país de Paulo Freire, se tenha esquecido a pedagogia da liberdade, a pedagogia do oprimido, que é a pedagogia básica.
Meu último comentário, aproveitando para passar uma informação para vocês... Vocês sabem que há estudos sérios do British Computer Society, que mostra uma correlação entre a internet e a felicidade. Arrá! Surpresa! Todos os meios de comunicação dizem que a internet é péssima, que é a fonte de todos os males... Não, há uma correlação entre o uso da internet e índices psicológicos de felicidade. Por quê? A correlação não quer dizer nada, mas o porquê é importante: a internet aumenta duas áreas fundamentais, a sociabilidade e o empoderamento. E quais são as duas variáveis mais importantes na determinação da felicidade das pessoas? A sociabilidade e o empoderamento.
Fonte: http://www.fronteiras.com/canalfronteiras/noticias/?16%2C63
A pergunta original está na página do facebook, neste link:
http://migre.me/eYwn1
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