Foto clicada pela Elenor, em Santa Tereza. Meus pais e meus tios. 2007.
PARA OS QUE VIRÃO
Thiago de Mello
Faço o pouco que me cabe
Me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
O homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
Para não enganar a ninguém:
Principalmente aos que sofrem
Na própria vida, a garra
Da opressão e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
No meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
Para quem já a primeira
E desolada pessoa
Do singular - foi deixando,
Devagar, sofridamente
De ser, para transformar-se
- muito o mais sofridamente –
na primeira e profunda pessoa do plural.
Não importa que doa: é tempo
De avançar de mão dada
Com quem vai no mesmo rumo,
Mesmo que longe ainda esteja
De aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
De deixar de ser apenas
A solitária vanguarda
De nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
E saber serão, lutando.
Um comentário:
Belo texto, poético, verdadeiro, pontual! abraço forte, @tebenas
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