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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Quero (Carlos Drummond de Andrade) - Uma ode ao amor

O lindo e eterno poema Quero é de Carlos Drummond de Andrade.
Uma ode ao amor.

Aqui recitados pelo inesquecível Paulo Autran.
Ouçam, leiam... e deliciem-se!



Quero
Carlos Drummond de Andrade

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

4 comentários:

Anônimo disse...

Demais...
Potiguar.

Rute Favero disse...

Meu Potiguar Predileto?
realmente este poema é demais... amei tb!
:-)

Anônimo disse...

"Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo." (Carlos Drumond de Andrade)

parabens pela escolha do texto

Andreia

(@_audray_)

Rute Favero disse...

Andreia, obrigada!
Adoro esta poesia do Drummond!
Tanto que, depois de quase dois anos, vim procurá-la novamente .. e agora é que vi o teu comentário.
Abraço
Rute